A pele que me cobre

A cruel verdade sobre a origem da bela idumentária de frio. O custo da elegância é o tema da estréia do quadro 'O que eles não te disseram'.

A pele que me cobre A pele que me cobre

Entre búfalos e leões

A 'A vida em seu curso' revela uma análise sobre as táticas adotadas por dois gigantes das savanas africanas na luta pela sobrevivência. Confira no site.

Entre búfalos e leões Entre búfalos e leões

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Apresentando as duas raças da semana. O gato de pelos encaracolados e o cão que veio fugido dos horrores da Revolução Francesa.

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Pequenos mas preocupantes, eles mostraram que a lista de perigos em uma guerra abrangia um pouco mais do que o esperado. Saiba porque, no primeiro post da nova série '7 surtos'.

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A magia por trás da lenda. A verdade por trás da magia. Fique por dentro de um dos mais curiosos espetáculos da vida aquática protagonizado por uma gigante da bacia amazônica no novo post de 'A vida em seu curso'.

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Nova tag 'Arte animal' essencialmente apresenta a natureza como fonte inspiração. Confira as mais diversas técnicas utilizadas pelos artistas do mundo animal!

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sábado, 31 de março de 2012

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Apresentando

Um cão...

O teimoso Weimaraner.

       Este é sobretudo um cão de aponte, cuja finalidade é sinalizar, apanhar a presa e devolvê-la ao dono.


       O Weimaraner é oriundo da Alemanha e embora sua origem ainda seja desconhecida, acredita-se que esta raça seja descendente de cruzamentos entre o Braco Alemão e o Vizsla. Seu nome deriva do grão-duque de Weimar em cujos canis o cão foi encontrado pela primeira vez. Chegando a medir 69 cm de altura e a pesar 39 kg, o Weimaraner é descrito com uma personalidade teimosa (assim indicado para donos mais experientes) inteligente e dócil. São eles bastante extrovertidos brincalhões e extremamente energéticos, necessitando de dedicação e espaço para atividades físicas, caso contrário o cão pode se tornar bastante agressivo e impaciente.
       Foram criados para executar diversas modalidades de caça, desde a esportiva até a caça de animais de grande porte como javalis e veados. Quanto a aparência, o Weimaraner é facilmente reconhecível pela pelagem, que pode ser curta ou longa (sendo a primeira predominante) cinza-rato, corça ou prateada e os belíssimos olhos cor de âmbar (azul céu nos filhotes). Todas essa características acabaram por lhe render a famosa alcunha de fantasma prateado.


e um gato.

O afetuoso Ocicat.

       A sua lealdade ao dono chega quase ao nível da obsessão, portanto ele não suporta permanecer muito tempo sozinho.

       
       Criado a partir dos Siameses e Abissínios, o Ocicat é um gato de marcas pintalgadas lembrando o selvagem ocelote (daí o seu nome). Foi criado por acidente, quando a criadora estadunidense Virginia Daly pretendia desenvolver um abissínio com o padrão de pontas escuras do siamês. O nome Ocicat foi escolhido pela própria filha de Virginia. E são as pintas e o ar selvagem que dão o diferencial e a popularidade desta raça relativamente rara. O corpo é grande, sólido e musculoso não deixando de ser gracioso. As orelhas são relativamente largas e os olhos são grandes e oblíquos em uma variedade de cores, exceto o azul. A variedade da matiz da pelagem também é vasta: tons de azul, chocolate, lavanda, canela e cervo. Os gatinhos nascem quase sem pintas, vindo elas a surgir apenas com a maturidade.
       Este é um gato bastante afetuoso, leal e amigável, excelente companheiro, indicado para criadores que desejam um gato de grande agilidade ou de exposição.





quinta-feira, 29 de março de 2012

Entre búfalos e leões


Entre Búfalos e Leões

       Eles são protagonistas nos palcos principais das savanas africanas. De um lado o predador, do outro a frágil presa. Mas será ela tão frágil quanto pensamos? Descubra as vantagens, as desvantagens e as táticas adotadas nos dois lados da cadeia alimentar observadas pelos olhos cautelosos e famintos de alguns dos animais mais durões do reino animal.


Os Búfalos

       Os búfalos-africanos (Syncerus caffer) são os primos selvagens daqueles comumente encontrados na região Norte do Brasil, como é o caso da Ilha de Marajó, no estado do Pará. Eles são visivelmente mais fortes e robustos. Também chamados de búfalos-cafre ou búfalos do cabo, esses vigorosos bovídeos podem chegar a medir 1,80m de altura e a pesar incríveis 900kg! Isso no caso dos machos. As fêmeas são ligeiramente mais leves, atingindo os 600 kg. Na África selvagem são vistos comumente nas pradarias e savanas de alguns países (Etiópia, Botswana, Moçambique, Zâmbia, Zimbábue, Tanzânia, Quênia, Namíbia, Somália, África do Sul) sempre em numerosos bandos de 50 a 500 indivíduos.


       E é exatamente este o trunfo do búfalo: o seu número. Fossem eles animais de hábitos solitários, não teriam muitas chances contra os seus predadores naturais, leões, leopardos e hienas. A intimidação pelo número é a principal arma de defesa do búfalo contra tais animais. Os leões sabem dessa estratégia e fazem dela também a sua, atacando em grupo, indivíduos que se desgarram ou filhotes mais desprotegidos, que são facilmente domináveis. Leões geralmente não se atrevem a encarar um búfalo que esteja entre outros de sua espécie. Pudera, esses animais carregam na cabeça, chifres ameaçadores de cerca de 100 cm de comprimento, curvando-se primeiramente para baixo e para fora e em uma segunda forma para cima e para dentro tornando-se mais finos à medida que se aproximam do crânio. Um búfalo adulto pode perfeitamente lançar para o alto um leão apenas com o impulso dos músculos do pescoço e a ajuda de seus chifres, que já têm a forma certa de uma forquilha. Portanto torna-se errado o ato de observar estes animais como pacatos ruminantes e presas fáceis aos grandes carnívoros das savanas. Búfalos não são fáceis de abater, nem para humanos e muito menos para os impacientes e esfaimados leões. As causas de sua morte por predação devem então ser julgadas por outros critérios que não a força física, pois nesse ponto é o búfalo muito superior ao rei da selva.

       Todos já presenciaram algum vídeo onde algumas leoas caçavam e abatiam um búfalo africano. No vídeo abaixo, no entanto, elas não tiveram tanta sorte na caçada no dia. Seu erro? Subestimação.

 




Os leões

       Pesando algo em torno de 250 kg, chegando a medir 1,20 de cernelha e com presas de 5 cm de comprimento, não é difícil imaginar porque o leão (Panthera leo) é intitulado o rei das selvas, muito pelo contrário, fica até muito claro. Apesar de não ser o maior representante dos felinos (perdendo apenas para os tigres de bengala e siberianos), o leão é responsável por dezenas de mortes todos os anos na África. Verdadeiras máquinas de matar ambulantes, os leões se adaptaram muito bem as savanas africanas encontrando nelas um variado cardápio de antílopes, javalis, zebras e búfalos. Mas o que será que torna esse animal tão mortal? Será apenas a aparência intimidante? Provavelmente não. Os leões, assim como muitos habitantes das savanas, caçam em grupo, as leoas no caso. Elas são ligeiramente menores que o macho, que se diferencia pela juba dourada/negra. Uma curiosidade interessante sobre esse adorno é que quanto mais escuro ele for mais velho será o macho, que poderá atuar como o dominante de um grupo contendo de duas a dezoito fêmeas, um verdadeiro harém. Elas pesam entre 120 kg e 180 kg e chegam a atingir 1,10 m de altura. Nas caçadas as leoas adotam táticas de emboscada onde todas participam e encurralam a presa escolhida, preferencialmente a mais isolada, idosa ou jovem, chegando a atingir assustadores 80km/h. Porém, quando a fome aflige, essas corajosas fêmeas são capazes de atacar animais muito maiores que elas próprias, sempre visando os flancos e o pescoço (os primeiros com o intuito de forçar o animal a ceder, tornando-o assim facilmente subjugável). Abatida a caça, o leão, que observava de longe todo o empenho, aproxima-se. E é dele o primeiro pedaço. As leoas que tanto trabalharam pela refeição se veem obrigadas a se contentar com o que o macho quiser deixar para elas.


       Todavia, não são raras cenas de leoas caçando sem o macho a acompanhá-las. Nesses casos, a partilha é feita na hora e até os filhotes se arriscam a tirar a sua parte, como mostra o vídeo abaixo, gravado à noite.





       Sejam búfalos ou leões, a busca pela sobrevivência é latente na natureza selvagem. Na África, onde a lei do mais forte define o status de cada espécie, a sorte é constante aliada das criaturas que vagam, as bocas famintas. E são muitas as bocas para alimentar. Ás vezes basta-se apenas abaixar a cabeça para se fartar com a grama viçosa que cresce alta acima do solo, em outras a necessidade induz ao planejamento. Cada passo conta, cada fôlego tem de ser controlado até o momento certo para o ataque. Cada caçada é decisiva na savana, o calor treme a atmosfera, acelera o sangue e apura os sentidos. Os animais mostram o melhor de si todos os dias, seja na investida ou na fuga e há sempre os dias da caça e os do caçador.
     Uma África de búfalos e leões, um lugar não tão diferente dos mais ecossistemas, mas igualmente exigente.

terça-feira, 27 de março de 2012

A pele que me cobre


Quadro- o que eles não te disseram


I
A pele que me cobre

       Há qualquer coisa sobre a indumentária de frio que deixa quem a veste mais elegante. O brilho do traje, combinado à textura e o volume. Pessoas vislumbram-se todos os dias perante as vitrines das lojas onde casacos, botas e chapéus de pele genuína são exibidos às ruas. E por um preço módico é possível obtê-los. Porém talvez, sob o olhar de alguém com mais tato, corra a pergunta de como aquela peça veio parar naquele lugar, o processo de sua confecção. A verdade oculta atrás da beleza e do luxo. O que eles não te disseram.



Do hábito à moda

       A moda de confeccionar roupas que utilizam peles de animais como matéria-prima data do século XIX, quando os trajes normais tornaram-se insuficientes para revestir os corpos da realeza, ainda mais com a chegada do inverno europeu. Essas novas roupas, mais elegantes, combinavam com o estilo dos tecidos nobres utilizados naquele tempo e eram desfilados sobre os ombros evidenciando grande pompa. Foi entretanto no século XX que o hábito se alastrou. Várias espécies animais passaram a ser cobiçadas e caçadas pela beleza de sua pele, algumas até a quase extinção. Eram lebres, raposas, martas, chinchilas, visons. Com o passar do tempo as focas, linces, texugos entre outros animais acabaram por entrar nessa macabra lista. Atualmente na China, um dos países mais cruéis em relação a isso, as indústrias de peles utilizam até gatos e cachorros na confecção de vestimentas. O processo de fabricação é desumano, às vezes feito com o animal ainda vivo. Só na França são abatidos anualmente 70 milhões de coelhos para este fim. Felizmente a crítica é fervorosa quanto à isso, pondo na mesa a questão da desnecessidade da indumentária autêntica de pele de animais, sendo as de fibra sintética perfeitamente substituíveis pelas anteriormente citadas. As torturas aplicadas aos animais são excruciantes e começam logo na sua captura, onde eles penam nas mãos dos caçadores. Algumas espécies são mortas na hora mesmo, como a foca ainda jovem, assassinada a pauladas para não danificar a pelagem. Bebês são chacinados nesse processo que acaba por deixar rastros imensos de sangue, tingindo a neve branca. Outra forma é a implantação de armadilhas. São elas submersas em água ou, as mais conhecidas, chamadas de legholders, armadas em solo aberto, desdobradas e abertas, para quando o animal por ali passar ficar preso. O engenho de metal se fecha automaticamente sobre a pata da criatura esmagando e muitas vezes lacerando a carne e os ossos. Tem início então a dramática tentativa da pobre criatura para se libertar. Mães desesperadas para retornar aos seus filhotes chegam ao extremo ao tentar livrar-se de seus membros agora obsoletos, descartando-os, rasgando-os fora com as próprias unhas e dentes. Horas são gastas banhadas em desespero até que o animal morra de exaustão. Se eles não forem mortos dessa forma, provavelmente o serão por caçadores ou predadores que se aproveitam do estado de fraqueza do animal. As vítimas das armadilhas aquáticas, como os castores, levam em torno de vinte minutos para sucumbiram e se afogar. Para evitar a predação, costuma-se utilizar as armadilhas suspensas que se assemelham as primeiras citadas na forma de captura, diferenciando-se apenas por erguer os infelizes animais pelas patas a uma certa altura do solo, para ali esperarem para ser coletados pelos caçadores. 

 

Bem-vindo ao show de horrores

       Você já se perguntou como é feita a extração das peles dos animais capturados? E mesmo se não tenha feito essa pergunta a si mesmo, há alguma dúvida que não seja um método menos doloroso dos que os descritos ao longo desse texto? Os animais são muitas vezes presos em gaiolas apertadas, em casos superlotadas, onde são maltratados, subsistindo em péssimas condições de higiene e alimentação. Alguns adotam o hábito de caminhar incessantemente de um lado para o outro na cela, ou até mesmo de se chocarem contra as grades da mesma, tudo devido ao imenso estresse a que são submetidos.

       Abaixo duas formas de abate de animais criados em cativeiro para o posterior uso de sua pele:

Profissional
1. Nas fazendas de criação de chinchilas, faz-se um pequeno corte no lábio inferior do animal e outro próximo ao órgão genital;
2. Em seguida, é introduzida uma vareta de ferro de um ponto a outro. Ela funciona como um suporte guia para o corte;
3. Com um bisturi, se desprega a pele do animal, evitando danificá-la. Quanto mais intacto o couro, maior o seu valor de mercado.
Amador
1. Nos modos mais cruéis, como rola em alguns locais da China, o animal é morto a pauladas e suas patas são decepadas;
2. O bicho então é dependurado pelo coto da pata, e seu couro é extraído a partir desse ponto com a ajuda de uma faca;
3. A pele é puxada com força, como se fosse tirada ao avesso. Em muitos casos, o animal ainda está vivo durante esse processo;
4. Uma vez retirada, a pele é presa com alfinetes ou pregos numa tábua, onde ficará por alguns dias no processo de secagem. Nessa etapa, ela ganha forma definitiva e não vai mais encolher nem sofrer deformações;
5. O passo seguinte é o curtimento da pele. Num curtume, ela passa por banhos químicos para retirada de sujeiras, cheiro e gordura, evitando que apodreça mais tarde. Ela também pode ser tingida;
6. Após o curtimento, as peles vão para as confecções, onde são costuradas umas nas outras até tomarem a forma de um casaco. No acabamento, é aplicado um forro, em geral de cetim, na parte interna.




       Abaixo uma lista de quantos animais são necessários para se fazer apenas um (01) casaco médio (até o joelho):

. 200 chinchilas
. 125 arminhos
. 50-70 martas
. 30 ratos-almiscarados
. 30 coelhos
. 27 guaxinins
. 17 texugos
. 16 coiotes
. 14 lontras
. 11 linces
. 9 castores

Ring the alarm – She gon' be rockin' chinchilla coats

      E afinal o que há de tão especial sobre as chinchilas para que o casaco de sua pele seja o mais cobiçado no mundo todo?Aqui vai a resposta: estudiosos e apreciadores afirmam que a pele de chinchila não é a mais cara do mundo, porém o casaco feito dela o é. Uma pele de chinchila de altíssimo padrão (graúda, pelos longos sem falhas, muito pretos no dorso e brancos na barriga) vale 80 dólares nos Estados Unidos. Uma pele do afamado visom é 25% mais cara. A diferença é que são necessárias cerca de 200 chinchilas minimamente parecidas para que o casaco possa ficar uniforme e satisfazer o luxo da madame. Um casaco de visom é tido como artigo de classe média pelos estilistas menos modestos. Se ele carregar o nome de algum artista famoso, pode valer algo em torno de US$ 15 mil. Mas não a chinchila, a beldade das peles. Essa corre pelos US$ 70 mil, valor estimado devido ao aperfeiçoamento dos criadores e estilistas com mania de exclusividade. 

 

A crítica – aqui está o resto do seu casaco de pele

       A questão levantada pelos que não gostam dessa postura é o fato de matar o animal apenas para uso estético, que é o que diferencia, por exemplo, do sacrifício de bois, porcos, carneiros, animais de corte em geral, cujo assassínio ocorre em locais específicos denominados matadouros, para fins instintivos de consumo humano, visto que esses animais há muito integram o nosso cardápio de uma forma latente. O uso de sua pele seria apenas uma consequência. Matar raposas para o mesmo fim é algo completamente à parte. Estaria no mesmo patamar da matança de elefantes feita na África apenas para a extração do marfim.


       Há sim várias respostas ativas contra esses atos de barbaridade, como os ativistas da International Anti-Fur Coalition (IAFC), ou Coalizão Antipele Internacional, uma ONG israelense que pretende extinguir o hábito do sacrifício animal visando o benefício estético. Eles afirmam que, de longe, os chineses são os mais cruéis em relação ao caso, esfolando os animais ainda vivos e se valendo inclusive, de cães e gatos para confeccionar brinquedos de pelúcia. "Usar casaco de pele animal em pleno século 21, com o tanto de tecnologia que temos disponível para a criação de tecidos sintéticos, é uma atitude imoral", diz o sr. Fábio Paiva, da ONG Holocausto Animal, braço verde-amarelo da IAFC. "Essa conversa de que os animais criados em cativeiro para esse fim não sofrem é balela. Animais não são propriedade do ser humano. Apropriar-se indevidamente deles e matá-los já é sinônimo de sofrimento. Não importa se é indolor ou não, morte é morte. E matar bicho para preencher sei lá que tipo de vazio existencial de alguém não é coisa que se faça."


  



Na próxima postagem-
       Ela esteve onde nenhum animal de sua época esteve, foi aclamada mundialmente recebendo inclusive estátuas em seu nome. Mas a inovação lhe custou muito mais do que fama. A verdade sobre a sede incontrolável por ciência. O melhor amigo do homem nunca foi tão útil. O que eles não te disseram.


sábado, 24 de março de 2012

Sobre o autor



Sobre o autor

Me recordo sempre da minha infância, dos tempos que não voltam. Da saudade que se tem de ser ingênuo e de não precisar se preocupar com nada além de seus próprios brinquedos. E eu os tinha em grande quantidade, e mesmo quando eles quebravam ou se perdiam, sempre consegui encontrar uma maneira de sobreviver confeccionando os meus próprios. Nasciam então bonecos de papel e papelão, os rostos pintados pelas minhas próprias mãos, e embora talvez não parecessem com os brinquedos reais e comercializados, serviam perfeitamente como elenco para as histórias malucas da minha cabeça juvenil. Uma das poucas coisas de que me lembro bem sobre a minha infância, é do fanatismo que tinha e sempre tive por animais. Enquanto os outros garotos brincavam com miniaturas de modelos de carro, eu fazia questão de que todos da minha família soubessem exatamente com que tipo de brinquedo me presentear nos aniversários, dia da criança, etc. Não importava que fossem animais repetidos, da mesma espécie, até porque eles geralmente variavam em pose, tamanho e cor, o importante era a quantidade. Eu costumava guardá-los em duas sacolas cheias cuja coloração e aspecto ainda me lembro bem. Eu cresci e eventualmente, aquelas sacolas se perderam entre o passar dos anos. Não me lembro exatamente o que aconteceu com elas, ou com os brinquedos que elas guarneciam, apenas que foram sumindo e sumindo gradativamente até que um certo dia percebi meu zoológico muito pobre de espécimes.
Chegou o tempo em que parei de colecioná-los, não por ter enjoado, mas porque brinquedos em geral não mais me enchiam os olhos. Mas aquela fascinação continuava sempre ali me acompanhando, seguindo o meu crescimento, mudando o modo de enxergar tudo o que me cercava. As baleias eram as minhas preferidas, assim como todas as criaturas que vagavam ao sabor das correntes marinhas. O modo como aqueles bichos extremamente grandes se moviam lenta e graciosamente pelos oceanos, a forma serena de se moverem me proporcionava uma calma alegre, um deslumbramento. E isso me aproximou mais à eles, foram aqueles animais que causaram em mim tamanho fascínio, que me induziram a estudar o seu comportamento, a ter curiosidade sobre o ambiente em que vivem. Como eles viviam? Como se alimentavam? Quem era o maior? E o mais pesado? Perguntas assim começaram a bombardear a minha cabeça desde os meus dez anos, e não cessaram até hoje. A curiosidade sobre um determinado tema implica na vontade do curioso de conhecer sobre aquilo a ponto de comentar, nem que seja uma palavra sobre, quando o assunto vier à mesa. E quem não se sente bem ao expressar uma opinião sobre aquilo que gosta e sabe? E é essa a forma como me sinto. O mais incrível sobre os seres vivos é que quanto mais você acha que se aprende sobre eles, mais você percebe que ainda não aprendeu o bastante. São os animais seres mutáveis. O homem é mutável, ele se adequa da forma mais confortável possível às mudanças geradas pelo ambiente. Desse jeito também são os outros seres, seleção natural é o que Darwin denominou. Então por que achar que se pode saber tudo sobre eles do mesmo jeito que se sabe sobre uma banda favorita, ou um best seller? Eles mudam, sempre mudaram e sempre irão. Resta a nós compreendê-los e essencialmente respeitar seus limites para que respeitem os nossos.




Sobre o blog

Este é um espaço criado com a única finalidade de mostrar os seres vivos tal qual se apresentam dentro ou fora de seu habitat. Como se comportam, suas táticas de sobrevivência, como vem sendo o seu relacionamento com o homem ao longo da história e que efeitos esse contato gerou em suas trajetórias até aqui. O Útero é um blog que evidencia acima de tudo a admiração do moderador/ administrador para com eles, esperando modestamente que mais pessoas, em algum dia de suas vidas, os observem mais atentamente e consigam enxergar que a diferença entre eles e nós, humanos, é praticamente zero. E os admirem também, e os respeite devidamente, pois afinal: o que há para não se admirar?
Ao longo dos dias você poderá, através das postagens, ficar sabendo de coisas que nunca imaginou serem reais, coisas que pareciam ganhar vida apenas em histórias, folclores ou fábulas e acompanhar perspectivas nunca antes vistas sobre os temas mais diversos sejam eles polêmicos ou não. Este blog trata exatamente desse assunto e não menos que ele. Aqueles que apreciam poderão acompanhá-lo, aqueles que o acompanham poderão apreciá-lo. E serão todos crianças uma vez mais, nos tempos da nostalgia onde a curiosidade era a base para a evolução.