O Truque das Vitórias-régias
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quinta-feira, 7 de março de 2013
Gigantes aquáticas
O Truque das Vitórias-régias
A lua
sempre teve seus enigmas, pintada em muitas culturas como uma
divindade, em outras como fonte de poderes místicos. Para os
tupis-guaranis ela era Jaci, uma deusa que tinha o costume de levar
para seu lado as mais belas mortais de uma tribo, transformando-as em
estrelas brilhantes. Os tupis-guaranis contam a história de uma
índia que ansiava tanto por esse momento que não pensava em outra
coisa. Sem nunca ser de fato escolhida, ela definhava em expectativa.
Certa noite, ao mirar-se em um igarapé de águas claras viu a imagem
do astro refletido e atirando-se nele, se afogou, nunca mais
retornando à superfície. A Lua, que a tudo observava, sentiu
profundamente pela morte da jovem e apiedando-se de sua sina,
transformou-a em um tipo diferente de estrela. Uma planta que se
apoia no leito dos rios cujas flores brancas e perfumadas desabrocham
tão logo anoitece.
Apenas
uma lenda, certamente. Mas o olhar atento consegue perceber sem
dificuldades de onde veio a parte fantástica que a história conta.
A magia das vitórias-régias.
Com folhas circulares bastante resistentes (algumas conseguem
suportar uma carga de 40 quilos se bem distribuídos pela sua
superfície) e chegando a recordes de mais 2,5m de diâmetro, é
fácil saber o porquê de a vitória-régia (Victoria amazonica)
ser uma das maiores plantas aquáticas do mundo.
E realmente única. Sobre a superfície da folha elevam-se bordos de
até 10 cm que revelam a parte inferior da planta, espinhenta e
avermelhada, apresentando grossas nervuras cheias de ar que atuam na
sua flutuação. As folhas são verdadeiros refúgios para animais
cansados, ou áreas de caça para as mais variadas aves amazônicas
que procuram dali insetos e peixes.
Mas o mais curioso sobre a planta é o método de reprodução por
ela adotado. As flores têm muitas pétalas e se abrem plenamente. Há
duas variedades: a branca e a rosa. As flores brancas são femininas,
sem pólen, desprendendo um forte aroma que se assemelha ao do
abricó, irresistível aos vários besouros que, trazendo colado aos
seus corpos pólen das outras flores, banqueteiam-se em seu interior.
A flor desabrocha totalmente no fim da tarde e permanece assim até a
noite, quando recolhendo as pétalas, acaba também por enclausurar o
besouro que ali estava. Não tão ruim assim para o inseto que,
embora preso, está a salvo de predadores e pode se fartar do doce
néctar.
Com a chegada da segunda noite ela torna a desabrochar, e agora sua
coloração é rosa (flor masculina e com pólen), sinal de que foi
então fertilizada. O besouro mais uma vez coberto com o pólen de
sua bela prisão, se vê livre para abandoná-la e encontrar novas
flores brancas e perfumadas para fertilizar, recomeçando mais uma
vez o mágico ciclo.
A flor fecundada é finalmente tragada para debaixo d'água e ali
originará o fruto.
Acompanhe por um documentário da BBC o fantástico processo!
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