A pele que me cobre

A cruel verdade sobre a origem da bela idumentária de frio. O custo da elegância é o tema da estréia do quadro 'O que eles não te disseram'.

A pele que me cobre A pele que me cobre

Entre búfalos e leões

A 'A vida em seu curso' revela uma análise sobre as táticas adotadas por dois gigantes das savanas africanas na luta pela sobrevivência. Confira no site.

Entre búfalos e leões Entre búfalos e leões

Titulo da Imagem

Apresentando as duas raças da semana. O gato de pelos encaracolados e o cão que veio fugido dos horrores da Revolução Francesa.

Titulo da Imagem Titulo da Imagem

Titulo da Imagem

Pequenos mas preocupantes, eles mostraram que a lista de perigos em uma guerra abrangia um pouco mais do que o esperado. Saiba porque, no primeiro post da nova série '7 surtos'.

Titulo da Imagem Titulo da Imagem

Titulo da Imagem

A magia por trás da lenda. A verdade por trás da magia. Fique por dentro de um dos mais curiosos espetáculos da vida aquática protagonizado por uma gigante da bacia amazônica no novo post de 'A vida em seu curso'.

Titulo da Imagem Titulo da Imagem

Titulo da Imagem

Nova tag 'Arte animal' essencialmente apresenta a natureza como fonte inspiração. Confira as mais diversas técnicas utilizadas pelos artistas do mundo animal!

Titulo da Imagem Titulo da Imagem

terça-feira, 5 de março de 2013

O inimigo mais próximo



Quadro- 7 surtos


I
O inimigo mais próximo

       Se você fosse um soldado e estivesse em guerra, em uma determinada guerra, a Primeira Grande Guerra,você teria de tomar cuidado com os súbitos ataques inimigos, com estilhaços de balas e bombas que constantemente detonavam, cruzando a 'terra de ninguém', com o devido posicionamento, com bombas de gás tóxico, consideradas por uns incivilizadas, mas válidas para o propósito a se alcançar.
      Se você fosse francês, inglês, alemão, russo, belga e estivesse em guerra você talvez saberia por experiência própria que até os locais mais seguros apresentam seus demônios.
        Se você fosse um soldado e estivesse em uma trincheira.

 
Visão da guerra

       Em 1914 eclodia uma das mais sangrentas guerras já assistidas pelo mundo. Os países imperialistas europeus e os Estados Unidos, representando a América, buscavam com ânsia expandir o seu setor industrial e conseguir novas fontes de matérias-primas e novos mercados que sustentassem sua produções. Em um período anterior à guerra propriamente dita, nações como a Inglaterra e a Alemanha guarneciam-se cada vez mais em uma corrida armamentista que para David Stevenson, historiador, nada mais era do que um “auto reforço de um ciclo de elevada prontidão militar”.
    A inauguração do encouraçado britânico HMS Dreadnought intensificou a “competição” do fortalecimento das frotas inglesas e alemãs, em um claro quadro de prevenção destas nações. Ninguém queria ficar menos preparado.

HMS Dreadnought, símbolo da corrida armamentista

       Devido a uma série de fatores político-econômicos a guerra então irrompeu. Seu início foi marcado pelo movimento estratégico dos países aliados. A infantaria foi bastante utilizada juntamente com a cavalaria, apoiada por peças móveis da artilharia, tática foi muito utilizada pelos franceses.
        Em uma segunda fase da guerra (1915-1916), soldados enfurnaram-se em grandes túneis escavados a céu aberto e ali permaneceram durante meses nas mais deploráveis condições de higiene. E onde a higiene é deficiente, surgem as doenças.

As trincheiras

     Com cerca de 2,5 m de profundidade e 2 m de largura, esses túneis era interligados entre si pelo subterrâneo. Sacos de areia e arame farpado eram colocados na superfície como meio de proteção contra balas e estilhaços de bombas, e como a vala era profunda, uma espécie de degrau que servia como posto de observação era instalada em uma altura estratégica, necessária para abrir fogo contra o inimigo.
      As condições dos soldados não eram das melhores. Os grupos que cavavam trincheiras perto do mar estavam ainda pior: logo a água ocupava a maior parte do espaço, dando origem a poças de lama onde os homens dormiam e comiam. A situação ficava alarmante com a chegada da chuva. Besouros, sapos e cobras podiam ser encontrados rastejando pelos túneis e os cadáveres de soldados mortos (cujas roupas e equipamentos eram simplesmente retirados e aproveitados pelos demais) atraíam moscas, ratos e todas as doenças que eles transmitiam.

 











  • A última foto nos mostra ratos abatidos em trincheira alemã. A inscrição no canto esquerdo diz: "o rendimento de uma noite de caça aos ratos em Argonne".

Praga incontrolável

      Se a ameaça constante da guerra e das balas, que a todo tempo zuniam acima de suas cabeças, não fosse o bastante, os soldados ainda eram assolados por micoses e doenças por infestação de insetos, dentre as quais se destacaram o pé de trincheira e a febre da trincheira.
     O pé de trincheira, também conhecido como pé de imersão, é uma condição patológica dos pés que entram em contato com o frio e a umidade por muito tempo, no caso dos soldados a micose se alastrava pelo prolongado uso de botas e coturnos. O pé torna-se frio, úmido e pálido (diminuição da corrente sanguínea) e se não tratado devidamente corre o perigo de ser amputado. O simples exercício de manter o pé limpo era fundamental para evitar as lesões. Acontece que em uma guerra nem sempre se arrumava tempo para se cuidar dos pés.


       E não havia nada que enlouquecesse mais um soldado em sua trincheira do que o incessante ataque de piolhos. Embora precioso tempo fosse destinado a sua exterminação (segundo relatos duas ou três horas diárias eram destinadas a essa prática), voltavam eles insistentemente, infectando as valas e transmitindo a chamada febre da trincheira, uma febre transmitida pela bactéria Bartonella quintana e caracterizada por intervalos de até 40 horas de dores pelo corpo, calafrios e esplenomegalia (aumento considerável do baço), doença que acometeu cerca de 10% dos homens envolvidos em guerra, mais de um milhão de soldados.

Eu os matava, mas eles não morriam
Sim! O dia inteiro e a noite estrelada
Por eles não posso descansar ou dormir,
Nem me esconder ou bater em retirada.

Então em minha agonia eu os massacrei
Até de vermelho minhas mãos banhar
Em vão – quanto mais rápido eu matava
Mais cruéis ainda eles conseguiam voltar.

Eu matei e matei, com loucura assassina,
Matei até esgotar toda a minha garra,
E eles se levantavam para me torturar
Porque diabos só morrem fazendo farra.

Antes eu achava que o demônio se escondia
No sorriso das damas e no vinho gostoso
Eu o chamava de Satã, de Belzebu
Mas agora o chamo de piolho asqueroso.

(“Os Imortais”, poema do soldado britânico Isaac Rosemberg)


 



 Soldados ocupados no controle de piolhos durante a Primeira Guerra  Mundial



Na próxima postagem-
       Os piolhos e os fungos mostraram que quando o assunto é a falta de higiene eles podem sim se tornar verdadeiras dores de cabeça e derrubar com facilidade mesmo os homens mais treinados. O próximo caso nos relembra a história trágica vivida pelos europeus há muito tempo atrás, em um dramático episódio onde o vetor veio junto aos marinheiros fugidos, nos escuros porões dos navios. Os ratos nunca foram tão problemáticos. Mas será que não eram eles também as vítimas? Acompanhe em '7 surtos'.








Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.